Gostava de poder falar de um período de amor, fraternidade, solidariedade que as famílias pudessem comemorar reunindo-se com alegria e a amizade que deve ser o traço de união entre os respetivos membros. Mas eu não sou muito inclinada a reduzir a um dia a comemoração de sentimentos que deveriam coexistir sempre e em toda a Humanidade.Por outro lado,atualmente vive-se uma época de tanta loucura ,desvario e crime, que me apetece dizer, metaforicamente, que este Mundo anda comandado pelos "Quatro Cavaleiros do Apocalipse".
Portanto eu não sinto o tal apelo natalício à paz e à fraternidade. Compreendo que essa tradição se mantenha na mente da maioria das pessoas, mas eu não consigo afastar o meu pensamento da miséria da Humanidade.
A mim chega o apelo da revolta, da luta, do inconformismo.
Estarei a ser pessimista, a atacar as ilusões e pensamentos de AMOR que, nesta época, quase magicamente, se instalam nas pessoas? Não, eu compreendo a Magia,mas dentro de mim, a revolta é tão grande que não a posso aceitar.
Vou deixar um excerto de um poema de Manuel Gedeão que ameniza um pouco esta pequena e controversa crónica mas que , de certo modo, a absolve.
Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.
Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.
Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.
Também estou mais dentro do espírito sarcástico e azedo do António Gedeão...
ResponderEliminar«Revolta, luta, inconformismo»: é esse o caminho que nos conduzirá a um Natal feliz...
ResponderEliminarUm beijo.
Por vezes faz muita falta a (aparente) crueza das palavras de António Gedeão...
ResponderEliminarSomente gostaria de lembrar que a primiera estrofe do poema de Manuel Gedeão tem um equívoco enorme, não é Jesus que põe presentes no "sapatinho de natal" de Pedrinho, e sim Papai Noel, o grande vilão do Natal.
ResponderEliminarPAstor Darcy